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Clarissas no Brasil
  •  As Clarissas no Brasil

    As Clarissas no Brasil

    O Brasil acolhe a sua primeira fundação em 1677. Ocorreu na Bahia, na cidade de Salvador e recebeu o nome de Mosteiro do Desterro. Existe por detrás desta fundação um contexto social, político e econômico. As jovens nascidas na Colônia brasileira, ao serem destinadas à vida religiosa por sua opção ou por decisão familiar, eram obrigadas a ingressar em mosteiros portugueses. Numa época de crise para os senhores de engenho, com a concorrência do açúcar do Caribe, era difícil assumir as despesas necessárias para enviá-las a Portugal. Isso significava empobrecer a Colônia e, além disso, a viagem era perigosa, levando-se em consideração o assalto de piratas e os perigos de naufrágio. A Câmara de Salvador e os nobres empenharam então esforços para obter a fundação de um mosteiro feminino. O pedido foi feito à Coroa portuguesa em 1664. Depois de inúmeras vicissitudes históricas, somente em 1677, no dia 9 de maio, chegaram a Salvador quatro Clarissas Urbanistas do Mosteiro de Évora, Portugal. Por mais de setenta anos, este foi o único mosteiro reconhecido na Colônia. O objetivo das fundadoras era implantar a vida clariana no Mosteiro do Desterro, segundo a Regra de Urbano IV (1263), dar formação às noviças brasileiras e dirigir a comunidade nos primeiros anos; depois retornariam ao seu local de origem. Foi o que realmente aconteceu em 1687, dez anos depois de sua chegada. Consta que as Clarissas fundadoras foram de um idealismo, santidade e vida bastante exemplares. Foi louvável seu espírito de abnegação e seu zelo. No início não puderam receber noviças, enfrentaram sérias dificuldades com a construção do mosteiro e necessidades materiais. Porém, nos anos seguintes, ingressaram muitas noviças e a fundação foi se consolidando. À partida das fundadoras, assumiu o serviço de abadessa a primeira brasileira, Irmã Marta de Cristo. Neste período, o número de irmãs chegou a cinquenta, além das vinte e cinco noviças e outras irmãs “conversas”. Segundo a mentalidade da época, o mosteiro manteve um regime de classes: coristas, conversas, recolhidas e escravas (ou servas pessoais das irmãs). Em 1764, por exemplo, havia noventa e quatro coristas, uma noviça, vinte e três recolhidas; em 1779: setenta e cinco irmãs, quatrocentas escravas e criadas. Isso fez decair enormemente a vida religiosa no mosteiro. O Bispo, nesta época, chegou a proibir o uso de ouro e prata para o adorno das escravas ou servas das irmãs. Isto tudo, apesar das determinações inicias para a fundação dadas pelo Papa Clemente IX em 1669, que limitava o número de irmãs para cinquenta e o número de criadas para quinze, ficando proibida a entrada de escravas para o serviço particular de cada irmã. Entretanto, apesar desta decadência do verdadeiro espírito cristão e clariano, do contratestemunho de pobreza evangélica, nos dois séculos de existência desta fundação destacaram-se algumas irmãs por seu exemplo de santidade. Entre elas, a Venerável Vitória da Encarnação, baiana, cujo processo de canonização está em andamento. Ela dispensou o serviço da escrava, viveu em grande despojamento e espírito de serviço, elevando a vivência espiritual do mosteiro, especialmente no período em que foi abadessa.
    Nos últimos dois séculos, um fenômeno social de tendências antirreligiosas, que tentava suprimir aos poucos a vida claustral, proibindo o ingresso de novos membros, veio agravar a situação da primeira fundação brasileira. Após a proibição de novos ingressos na vida religiosa, decretada para Portugal e a Colônia pelo Marquês de Pombal, o número de irmãs no Mosteiro do Desterro foi decrescendo. No início do século XX foram feitos esforços para a comunidade não se extinguir. Na época só restavam três irmãs bastante idosas, a madre era inválida e doente. Elas pediam que viessem Clarissas de outro país ou que alguma Congregação religiosa assumisse o mosteiro. Foi assim que as Irmãs da Pequena Família do Sagrado Coração consolidaram no local sua obra de assistência e educação cristã. Parte do prédio é patrimônio histórico, onde se conservam as relíquias da Venerável Madre Vitória da Encarnação, os documentos históricos, as crônicas da fundação e um museu com riquíssimos objetos religiosos da época colonial, que pertenceram ao mosteiro.
    Após a extinção do Mosteiro do Desterro, as Clarissas iriam consolidar novamente a sua presença em terras brasileiras, somente em 1928, através da fundação do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos, no Rio de Janeiro. As irmãs fundadoras, em número de oito, provinham do Mosteiro de Düsseldorf, Alemanha. Em sua história, este mosteiro tem marcado uma presença fecunda em novas fundações. Somente mais de vinte anos depois desta nova implantação clariana, é que iria surgir, em 1950, o Mosteiro de Santa Clara de Campina Grande, Paraíba, com irmãs vindas de Cleveland nos Estados Unidos. No mesmo ano, o Mosteiro do Rio de Janeiro realizava a sua primeira fundação em Belo Horizonte. Poucos anos depois, Clarissas de Gand, Bélgica, realizam uma nova fundação em Porto Alegre (1953). Dez anos se passaram, até o surgimento da quinta fundação do século XX. As Clarissas fundadoras provinham da Federação Santíssimo Nome, dos Estados Unidos, e ocorreu em Anápolis, Goiás. Esta fundação foi assumida e continuada a partir de 1987 pelas irmãs do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos e é, atualmente, um dos mosteiros do Brasil onde há maior ingresso de vocacionadas, vindas, sobretudo, de Brasília. Em 1964, é a vez da segunda fundação filial do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos, que implanta o primeiro mosteiro contemplativo em Santa Catarina, na diocese de Tubarão, em Forquilhinha. Em 1977 esta fundação seria transferida, por diversos fatores, para a cidade de Lages, no planalto catarinense. O Mosteiro Santa Clara, de Belo Horizonte, em 1970, realizou sua primeira fundação em Araruama, no Rio de Janeiro, que foi posteriormente assumida pelas Clarissas de Campina Grande (1984).
    Em 1977, chegaram ao Brasil as primeiras Clarissas Capuchinhas, provenientes de alguns mosteiros da Itália, sobretudo de Veneza. A fundação tornou-se realidade na região serrana do Rio Grande do sul, em Flores da Cunha. A terceira fundação do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos ocorreu em 1984, no interior do sertão nordestino, em Caicó, Rio Grande do Norte. Ali já ingressaram muitas jovens irmãs no decorrer desses anos. Em 1985, foi fundado o Mosteiro Monte Alverne, em Uberlândia, Minas Gerais, pela comunidade de Clarissas de Belo Horizonte. E no ano seguinte (1986) as Clarissas portuguesas da Ilha da Madeira realizam a fundação do Mosteiro Santa Clara de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. As duas mais recentes fundações ocorreram na década de 90. Trata-se do Mosteiro Santíssima Trindade, fundado em Colatina, Espírito Santo, pelas Clarissas de Belo Horizonte, em sua terceira experiência de fundação. E a última, realizada na cidade de Canindé, Ceará, durante o ano comemorativo do 8º centenário de nascimento de Santa Clara (1994), com Clarissas de Campina Grande, que já inauguraram o seu mosteiro definitivo. Destaca-se especialmente que todas as fundações clarianas implantadas no século XX no Brasil, têm a Regra própria de Santa Clara como base de sua vivência e possuem as mesmas Constituições Gerais aprovadas por João Paulo II em 1988, com exceção das Clarissas Capuchinhas, que observam Constituições próprias. Todos os mosteiros, exceto o de Capuchinhas (que pertence a uma federação italiana) são federados desde 1989. As federações de mosteiros tem por objetivo a ajuda recíproca, material e espiritual, especialmente na formação, o intercâmbio de experiências e de vida. A Federação Sagrada Família de Clarissas no Brasil é representada sempre por uma madre que presta serviço por seis anos. O número de vocações tem aumentado consideravelmente nos últimos vinte anos, de modo particular em algumas regiões, como o nordeste, centro e sudeste. Entretanto, as fundações manifestam um reflorescer fecundo da vida clariana, com sinais evidentes e irradiantes de experiências vitais, que desejam ao máximo aproximar-se da vivência fontal de Clara e das primeiras Clarissas do Mosteiro de São Damião, de Assis.
    Não podemos nos esquecer ainda do Mosteiro de Clarissas que existe dentro da Fazenda da Esperança em Guaratinguetá, São Paulo, que intercede de modo muito especial pelos que estão se recuperando das drogas e do álcool. As irmãs tiveram o privilégio da visita do Papa Bento XVI quando esteve no Brasil para a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, em Aparecida, 2007.
    Dois anos depois, o Mosteiro de Caicó-RN, em seu jubileu de prata, realizou uma nova fundação: o Mosteiro Mãe da Providência, um dos mais novos do Brasil e o primeiro mosteiro de Clarissas no Paraná. A fundação se deu na cidade de Cascavel no dia da Anunciação, 25 de março de 2009.


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